Talvez por pensar que seria insuportável, talvez por deixar o machucado fechado por tempo maior que o necessário. Era medo.
Eu não desisti de mim, e por isso tirei o curativo.
Eu tirei e não sangrou. Não doeu tanto. Não em mim.
Esses dias tive um insight sobre a minha solteirice. Conversando com um amigo, ao invés de dizer que eu estava solteira, eu respondi que era solteira. E desde então, essa afirmação mudou minha vida. Ao terminar um namoro, as pessoas enchem o peito pra dizer: ESTOU SOLTEIRA! PRECISO RECUPERAR O TEMPO PERDIDO. Mas o que ninguém para pra pensar é que ser é diferente de estar. Eu estou com dor de cabeça, eu sou baixa.
Algumas coisas mudam: sabemos que a dor vai passar. E a não ser que eu faça uma cirurgia nos joelhos, continuarei sendo baixa. Estar solteiro é estar em uma situação que poucas pessoas aceitam. A impressão que dá quando dizemos que estamos solteiros é que não vemos a hora de começarmos um novo relacionamento. Como se a solteirice fosse uma dor e um novo relacionamento uma solução. Ficamos atentos à todos em nossa volta. Vai caçar na balada e espera encontrar o príncipe que sua mãe sempre sonhou para você, que role aquela química nos olhares e terminem a noite casados. Isso é estar solteiro. É não aceitar a situação. Se seu rolê do sábado a noite tem o intuito de te tirar do 0x0, as chances de acontecer exatamente isso são maiores do que quando você sai pra se divertir, dançar e beber, pois, ao esquecer as pessoas a sua volta, acidentalmente pode esbarrar no cara perfeito. O segredo é não esperar nada.