terça-feira, 24 de maio de 2011

Dois pesos, duas medidas

Sinto na pele agora a dor de tirar o band-aid. Nenhuma.
Talvez por pensar que seria insuportável, talvez por deixar o machucado fechado por tempo maior que o necessário. Era medo.

Teus olhos disseram tudo o que sua boca calou. Teimavam em entregar tudo aquilo que tanto você quanto eu não queríamos discurtir. There's no way back from here, já dizia nossa velha canção. O que fazer, insistir em quê? Não há estupidez maior do que teimar em pegar a mesma trilha na esperança de encontrar um caminho diferente. Nós somos jovens e somos livres. Eu não sou a solução para os teus problemas, e levou um tempo para eu finalmente perceber que também não sou um deles. Ninguém pode dizer que algo não foi meu porque eu não corri atrás. Eu tentei de tudo. Eu mastiguei a felicidade e te servi com Coca. Até que tomei a grande decisão de dar exatamente o que você pedia naquele tempo, aquilo que me queimava por dentro só de ouvir. Eu consegui.
Eu não desisti de mim, e por isso tirei o curativo.
Eu tirei e não sangrou. Não doeu tanto. Não em mim.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

moving on

Às vezes não adianta virar a página.

É preciso rasgá-la.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Usando o verbo to be

Esses dias tive um insight sobre a minha solteirice. Conversando com um amigo, ao invés de dizer que eu estava solteira, eu respondi que era solteira. E desde então, essa afirmação mudou minha vida. Ao terminar um namoro, as pessoas enchem o peito pra dizer: ESTOU SOLTEIRA! PRECISO RECUPERAR O TEMPO PERDIDO. Mas o que ninguém para pra pensar é que ser é diferente de estar. Eu estou com dor de cabeça, eu sou baixa.
Algumas coisas mudam: sabemos que a dor vai passar. E a não ser que eu faça uma cirurgia nos joelhos, continuarei sendo baixa. Estar solteiro é estar em uma situação que poucas pessoas aceitam. A impressão que dá quando dizemos que estamos solteiros é que não vemos a hora de começarmos um novo relacionamento. Como se a solteirice fosse uma dor e um novo relacionamento uma solução. Ficamos atentos à todos em nossa volta. Vai caçar na balada e espera encontrar o príncipe que sua mãe sempre sonhou para você, que role aquela química nos olhares e terminem a noite casados. Isso é estar solteiro. É não aceitar a situação. Se seu rolê do sábado a noite tem o intuito de te tirar do 0x0, as chances de acontecer exatamente isso são maiores do que quando você sai pra se divertir, dançar e beber, pois, ao esquecer as pessoas a sua volta, acidentalmente pode esbarrar no cara perfeito. O segredo é não esperar nada.

Não pretendo namorar tão cedo. Posso queimar a língua dizendo isso; a gente nunca sabe o dia de amanhã, mas eu não preciso de ninguém. Nem pra pagar as minhas contas já não preciso, porque eu teria necessidade de um homem? Eu sou tranquila demais pra sair pegando geral, não é pela sua boca que eu vou saber se eu gosto de você ou não.
É óbvio que um carinho faz falta num dia frio, porém não é tão imprescindível ao ponto de você precisar encarar os caras da faculdade inteira achando que pode perder seu príncipe encantado só porque fica de cabeça baixa jogando Sudoku antes da aula.
(Adaptado do texto de Letícia Sanseverini, de 29 de outubro de 2009)

domingo, 8 de maio de 2011

não há nada melhor


could you show me something better?

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Encontro, descontração, todo mundo. Alguém.


Madrugada. Cigarro, cerveja e erva. Conversa fiada, cantada sem graça, um quase beijo roubado. Banheiro molhado, cabelo armado, tumulto. Tumultuado. Cigarro. Algumas pessoas. Todo mundo cala a boca. Por favor. Olha mais de perto, que lindo. Você. Não me puxem, não desviem minha atenção. Que grosseria, não é isso. Seu olhar. Que se dane o resto. O seu olhar. O engraçado ali, não tem minha atenção. É só você, você, você. Disfarça. Tá na cara. Não quero ir, então vamos rápido, eu quase caí. Quero voltar. Você está ali. Sentar na escada. Coisa chata. Olha ali. A salvação. Você. Disfarça. Chega mais perto, para de olhar. Seu olhar, seu gesto, seu copo. Você. Eu também, por favor. Deixe esse copo pra lá. Não é bem assim. Não vem interromper. Vou sentar. Que sorriso. Seu olhar. Que olhar. Então está falando de mim. Que piração. Acabou, eu vou. Eu confio. Vamos, enfim. Alguém. Mas não você. Obrigada. Por educação. Era pra ser você. Mas que olhar. Nervoso, nervoso, nervoso. Seu olhar. Entorpece. Arrepio. Frio, frio. Adeus. Daqui três meses. Disfarça. Que olhar é esse, que olhar. Você. Sua boca, seu olhar, você.

Me pegou de surpresa.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

que ótimo dia aquele.

Se for para ser sincera, não está claro. É um dilema complicado demais para fazer sentido agora. É cedo. Nos primeiros momentos não consegui enfrentar a doce realidade, de tão boa que era. E de lá pra cá foi assim, medo com recheio de felicidade e vice-versa. Me surpreendo ao rir sozinha só de abrir uma fresta na minha memória: um pequeno espaço já é capaz de trazer-me medo, felicidade, insegurança, saudade e calmaria.
Que ótimo dia aquele, o do meu despertar. Eu não sabia que eu estava tão perdida assim.