quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

o mundo que você me deu.


Tentativas vãs de descrever o que me calou.
Me roubou palavras, e chão, e ar..me roubou de mim.
E a dor some no vazio que o seu beijo preencheu.
Da flor somem os espinhos.. É assim o mundo que você me deu.
Não há sensação melhor, não há. Sinto estar perdida e salva.
Tentativas vãs de libertar o sentido maior que as palavras prenderam quando eu disse: amo você.
Em lugar de mil palavras deixa o instinto se exercer, deixa o íntimo silêncio percorrer só. Apesar de ser tão claro eu não consigo entender.. E apesar de ser tão imenso cabe em mim o mundo que você me deu.

não dá.


e então eu vi, esses seus profundos olhos verdes olhando diretamente pra mim.
e então eu descobri, que sem você não dá.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

assista em silêncio


Felicidade é um fim de tarde olhando o mar.
É pensar na vida, ouvir a maresia que insiste em bagunçar seus cabelos.
É sentir uma tempestade a caminho no fim na tarde e não temê-la.
É poder viver sem o tempo nos pulsos, sem planos, sem dor.

obrigada


Na verdade, foi bem estranho. Pegar na mão de um desconhecido e deixá-lo guiar seus passos é um tanto inconsequente, mas não sei porque meu sexto sentido nunca falha.
E outra, eu não estava sozinha, era só gritar.
Sua roupa se destacava timidamente dos outros meninos; mas isso eu só notei depois. O que me fez pôr os olhos em você foi a sua gentileza. Sua primeira gentileza em plena segunda-feira. Maldita palavra, essa. Me morde de curiosidade e me faz querer descobrir se é interesse ou apenas educação.
Prefiro pensar que foi educação. Eu não quero que você se envolva comigo. Não vou mentir e dizer que isso não infla meu ego, que não é bom sentir o olhar de um cara tão lindo quanto você pousados em mim. Logo em mim, offline e do lado de uma menina linda. Por que você olhou bem pra mim? Por que logo eu, por que logo você?
Engraçado mesmo foi que eu só reparei praticamente no final do almoço, quando já nos ofereciam sorvetes e tortas.
Depois disso.. ah, é claro, meu cérebro martelava quando cada vez que um menino se aproximava de mim, seus olhos me queimavam e seu copo virava.
Eu só queria terminar o meu sorvete e pedir água.
Contabilizei, feliz e culpada, pelo menos quatro gentilezas suas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

águas de março

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá, Candeia, é o matita-pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, Festa da Cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma ponta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

going under


Quando alguém está se afogando é momento de socorrê-la e não de ensiná-la a nadar

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Mona Lisa


que segredos se escondem por trás desse sorriso, Da Vinci?

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

+


sério.


Consegui estragar todos os meus relacionamentos porque gostei demais das pessoas. Dessa vez quero acertar, por isso combinei comigo que, apesar de estar morrendo por você, não gosto de você.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

o sorriso mais lindo do mundo.


Tive que apertar o passo. Já estava quase chegando. Escondi o livro embaixo do casaco, coloquei o capuz e cerrei os olhos tentando vencer as grossas gotas que insistiam em atingir meu rosto. Eu devia estar bizarra. Correr sem os braços pra se equilibrar devia ser visualmente uma bizarrice.
Estava na esquina de casa quando tropecei e caí. Por sorte ou instinto, livrei meu rosto de um corte e coloquei as mãos na frente. Asfalto arde. Antes que eu pudesse pensar num grande palavrão para aquela cena, fui surpreendida por um par de olhos caramelos fixos e pertíssimos dos meus. Você estava agachado e segurava meu livro com uma mão e me estendia a outra. Sua aparição e gentileza inesperadas me paralisaram. Agora sim, eu parecia mesmo bizarra. Por um instante, achei que reprimia um riso pela minha falta de coordenação e meu tombo. Enganei-me. Ao perceber meu choque, você afastou minha franja molhada do rosto.


Foi a primeira vez que eu vi seu sorriso.


Foi contagiante a ponto de me fazer esquecer do pior tombo da minha vida. Segurei sua mão ainda estendida e, mesmo sussurrando, sua voz foi como música aos meus ouvidos. “Cadarço desamarrado”. Olhei pra baixo e meu cadarço sujo e traidor parecia zombar de mim. Mordi os lábios e abaixei os olhos, realmente envergonhada por ser vítima de algo tão infantil. Você levantou meu queixo e, com um sorriso tão grande e lindo que apertava seus olhos, você disse “Relaxa, prometo que não conto pra ninguém”.

espelhar-se

Antes eu achava que não, mas hoje eu vejo o quanto somos parecidas.
Fisicamente também, mas principalmente na personalidade.
Nossa voz é inconfundível mas nada se compara com nosso gênio difícil e nossa determinação.
Tive que crescer muito pra concordar com aqueles muitos que viam semelhanças entre nós. Fui equivocada grande parte da minha vida, nosso relacionamento sempre foi extremista e só hoje, mais mulher e menos criança, vejo o quanto sou você. Das coisas mais bobas, desde uma blusa que você comprou que eu achei linda até nosso jeito de planejar a vida.
Não, não que eu tenha a pretensão de que nosso relacionamento comece a ser como nas novelas e que sejamos melhores amigas. Mas acho que as coisas podem melhorar, sabe. Tenho grandes esperanças para o ano que vem, sei que as coisas vão mudar e vou precisar de você mais do que nunca.
Nossas brigas, causadas por minhas vontades indevidas ou fora de hora ao seu ver, só foram resolvidas por mérito meu, que por sorte herdei minha paciência e passividade do meu pai.
Sei que sempre fui péssima com sentimentos e disse isso pouquíssimas vezes pra você - Natal, Aniversário e olhe lá! Mas se um dia você tiver oportunidade de ler aqui, saiba de uma coisa:
Eu te amo e te amei desde o zero, mesmo nas brigas, nas discussões que me fez chorar, nos nãos, nos piores momentos em que você me fez pensar que eu era a causa dos seus problemas.. Enfim. Amor que não se mede, amor que não se pede, que não se repete.
Posso até causar alguns problemas, sim, mas pode ter certeza de uma coisa, mãe: ainda vou te dar muito orgulho.

como um adeus.

Foi só quando a chave girou que eu percebi tudo. Aquela cena se repetia. Porém, não, dessa vez eu não me renderia.
Ao se aproximar de mim, seu perfume ficou ainda mais convidativo. Senti sua mão no meu ombro e estremeci, acontecia uma luta dentro de mim. Te abracei pra ganhar tempo e apertei seu corpo para mais perto de mim. Foi como um adeus. Respirei e me afastei, e você sentiu aquilo como um convite, e sorriu pra mim se aproximando novamente. Sacudi levemente a cabeça quando num movimento rápido você puxou meu rosto para o seu. No instante seguinte, minha mão ardia e pude ver meus dedos marcados na sua face esquerda. Meu peito arfava de medo da sua reação, já que se você devolvesse o tapa meu pescoço podia quebrar. Mas você recuou um passo, atordoado; e, antes de destrancar a porta, virou-se e me olhou fundo nos olhos dizendo: “me perdoa”. Sua voz falhou e eu senti meu rosto queimar. Quando já não podia ouvir seus passos, me deixei cair. Você não conseguiria mais nenhum beijo meu. Era meu dever dar-lhe aquilo que você precisava, não mais o que você queria, por mais que aquilo me doesse. E como doeu.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

pra nunca mais..

quero um lápis de cor
pra pintar toda a dor
colorir meu viver.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

lax


"This is so useless", he told me. And I knew by there, the particular thing I had inside was ambiguous. And useless.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

pássaro frenético


Ele se pôs de pé. Seu coração saltando contra as costelas como um pássaro frenético. Talvez ele soubesse que lhe restava muito pouco tempo, talvez estivesse decidido a completar os batimentos de uma vida antes de seu fim.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

reinava fundo silêncio.


Era uma linda e calmosa tarde de outubro. O sol não era ainda posto e parecia boiar no horizonte suspenso sobre rolos de espuma de cores cambiantes orlados de fêveras de ouro. Corria um belo tempo; a vegetação reanimada por moderadas chuvas ostentava-se fresca, viçosa e luxuriante; a água do rio ainda não turvada pelas grandes enchentes, rolando com majestosa lentidão, refletia em toda a pureza os esplêndidos coloridos do horizonte, e o nítido verdor das selvosas ribanceiras. As aves, dando repouso às asas fatigadas do contínuo voejar pelos pomares, prados e balseados vizinhos, começavam a preludiar seus cantos vespertinos. O clarão do sol poente por tal sorte abraseava as vidraças do edifício, que esse parecia estar sendo devorado pelas chamas de um incêndio interior.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Neutron Star Collision


Agora eu não tenho nada a perder
Não tenha pressa pra escolher
Eu posso te dizer agora, sem um rastro de medo
Que meu amor será para sempre.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

mas eu só te quero bem


"Sorria pra mim", ele me pediu, e é claro que eu sabia porque.
Fingi me assustar com um olhar feroz do professor nos intimando a parar de conversar enquanto explicava a Era Vargas e fiz 'depois' com as mãos, baixando os olhos pro livro.
Não, eu não queria sorrir. Minhas feições são mais perigosas que minhas palavras, e eu não posso te magoar, não no fim. Você vê claramente que meus olhos não brilham como os seus quando nos olhamos, mas você não vê o que não quer, não aceita a verdade. Fora que, aquele lance de mandar mensagens à tinta me deixou desconfortável. Fiquei muitos instantes parada, com a piloto na mão pensando em mil e uma frases que não sejam "eu estou irremediavelmente feliz por ter você do meu lado" nem um "foi muito bom ter te conhecido". Eu não poderia ser tão fria com alguém como você, apesar de tudo.
Por favor, não me entenda mal. Você me quer, mas eu só te quero bem.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

estranho, pensei que fosse só comigo.


"Nunca imaginei que seria tão fácil pra você acreditar! Pensei que seria praticamente impossível.. Que você teria tanta certeza da verdade que eu teria de mentir por horas para pelo menos plantar a semente da dúvida em sua mente. Eu menti, e lamento muito.. Lamento porque magoei você, lamento por ter sido um esforço inútil. Lamento não tê-la protegido do que sou. Menti para salvá-la, e não deu certo. Perdoe-me.
Mas como pôde acreditar em mim? Depois de todos os milhares de vezes que eu disse que a amava, como pôde deixar que uma palavra anulasse sua fé em mim? Pude ver isso em seus olhos, que você sinceramente acreditou que eu não a queria mais. A ideia mais absurda e mais ridícula... Como se houvesse algum modo de eu existir sem precisar de você! Como posso explicar de modo que acredite em mim? Estou aqui e eu amo você. Sempre amei você e sempre amarei. Fiquei pensando em você, vendo seu rosto em minha mente, durante cada segundo que me ausentei. Quando lhe disse que não a queria, foi o tipo mais atroz da blasfêmia.
Era só uma questão de tempo.. e não muito.. para eu aparecer em sua janela e implorar que me recebesse de volta. Vai me deixar tentar explicar o que você significa pra mim?
Antes de você, Bella, minha vida era uma noite seu lua. Muito escura, mas havia estrelas.. Pontos de luz e razão... E depois você atravessou meu céu como um meteoro. De repente tudo estava em chamas; havia brilho, havia beleza. Quando você se foi, quando o meteoro caiu no horizonte, tudo ficou negro. Nada mudou, mas meus olhos ficaram cegos pela luz. Não pude mais ver as estrelas. E não havia mais razão para nada. Era como se meu coração não estivesse ali.. Como se eu estivesse oco. Como se eu tivesse deixado com você tudo o que havia aqui dentro."


(Edward Cullen)

afinal,


de quantas maneiras um coração pode ser destroçado e ainda continuar batendo?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

so give me your forever


please, your forever.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

o despertar


Deitei na cama alguns minutos depois, resignada enquanto a dor finalmente resolvia aparecer.

Era paralisante, aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais tinham sido arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que continuavam a latejar e a sangrar apesar de passar o tempo. Racionalmnte, eu sabia que meus pulmões ainda estavam intactos, e no entanto eu arfava e minha cabeça girava como se meus esforços não dessem em nada. Meu coração também devia estar batendo, mas eu não conseguia ouvir o som da minha pulsação nos ouvidos; minhas mãos pareciam azuis de frio. Eu me encolhi, abraçando as costelas pra não partir ao meio. Lutei para ter meu torpor, minha negação, mas isso me fugia.

E, no entanto, achei que podia sobreviver. Eu estava alerta, sentia dor, mas era administrável. Eu podia sobreviver a isso. Não pareca que a dor tivesse diminuído com o tempo; na verdade, eu é que ficara forte o bastante para suportá-la.

O que quer que tivesse acontecido naquela noite, tinha me despertado.

Pela primeira vez em muito tempo eu não sabia o que esperar da manhã.

I won't get by


Senti o chão de madeira liso sob meus joelhos, depois sob a palma das mãos e, em seguida, comprimido sob a pele do meu rosto. Eu esperava estar desmaiando, mas, para minha decepção, não perdi a consciência. As ondas de dor que me haviam assaltado pouco tempo antes se erguiam agora com força e inundaram minha cabeça, puxando-me pra baixo.

Não voltei à superfície.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

segura e lúcida

Este era o lugar errado para ir. Eu devia saber disso, mas para onde mais iria? A floresta era de um verde intenso e parecia demais com a cena do sonho da noite passada para que eu tivesse paz de espírito. Agora que não havia mais o som de meus passos ensopados, o silêncio era penetrante. As aves também estavam quietas, a frequência das gotas aumentava, então devia estar chovendo no alto. Agora que eu estava sentada, as samambaias eram mais altas que minha cabeça, e eu sabia que alguém podia andar pela trilha, a um metro de distância, e não me ver.
Aqui, nas árvores, era muito mais fácil acreditar nos absurdos que me constrangiam entre quatro paredes. Nada mudara nesta floresta há milhares de anos e todos os mitos e lendas de cem terras diferentes pareciam muito mais prováveis nesta névoa verde do que eu meu quarto claro.

Mas era tolice mórbida acolher essas ideias ridículas, era melhor eu voltar pra casa do John. Comecei a me perguntar se de fato seria capaz de sair dali. Segui o labirinto verde gotejante apressada, o capuz puxando meu rosto à medida que quase corria pelas árvores. Mas antes que o pânico fosse demasiado, comecei a vislumbrar espaços abertos pela teia de galhos. Eu já sabia o que fazer.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

distance


“Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ela continua detestando o McDonald's, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...”



(Miguel Falabella)

o Adivinho


O serviço dos dias é apenas este:
trazer dias, levar dias.




O Tempo existe para apagar o Tempo.

de Vila Longe


Eis a nossa sina:
esquecer pra ter passado,
mentir pra ter destino.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

importa, sim.


..E você está em todos os cantos. Eu queria poder respirar pra ver se assim esse vazio entre nós pudesse ser preenchido e que você voltasse pra mim. Mas seria querer demais, porque a sua presença me deixa completamente sem fôlego.

Fico pensando nessa idiotice que estamos fazendo, deixando que o orgulho tome conta daquilo que temos de mais precioso. Só queria mesmo que você entendesse, que quando eu fecho os olhos é você que eu vejo, que quando meu telefone toca eu torço pra ouvir a sua voz, e que você me faça acreditar que eu não estou sozinha..

Só mais uma coisa, e eu vou pra casa.

Eu te amo.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

eu estarei com você


Eu sei agora, apenas o suficiente: minha vida e amor têm que continuar no seu coração. E na sua mente.
Se eu pudesse fazer o tempo voltar eu teria ido para onde você foi.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Amor


Dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): "O amor dinamita a ponte e manda o amante passar". Amar não é e nunca será fácil. Até o amor materno passa por suas provações. As complicações, em geral, advêm de influências externas. Da perspectiva bioquímica, amar é de uma simplicidade comovente, mera questão de oxitocina. A substância ativa as áreas da afetividade, ajudando a estabelecer e a fortalecer os vínculos de afeição - seja entre mãe e filho, homem e mulher ou amigos. Quanto maior a produção de oxitocina, maior também a liberação de dopamina, a substância da alegria, responsável pelo controle do sistema de recompensa cerebral. Para a manutenção do amor romântico, a biologia fornece um prazo de validade - em média, quatro anos, o tempo exigido para a concepção, a gestação, o nascimento e os primeiros cuidados com o bebê.

A natureza é pragmática.

domingo, 26 de setembro de 2010

seja onde for.


E agora? A dor é do tamanho de um prédio.
A casa sem ele vai ser um tédio;
Não tem remédio, não tem explicação, não tem volta
Os amigos não aceitam, o irmão se revolta
E a sua avó que era crente hoje tem raiva de Deus.
O seu pai ficou mais velho, mais sério, mais triste..
E a mãe simplesmente não resiste
Além do filho, perdeu o amor pela vida
E a nora agora tem tendências suicidas: É a namoradinha com quem sonhava se casar.


Se Deus é justo, então quem fez o julgamento?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

você está sentindo cheiro de tinta?

não? é que está pintando um clima..

Um dos motivos que mais me desagrada em andar sozinha, é isso de receber cantada e/ou assovios. Puts, você pode ser gorda, baixinha, nariguda, orelhuda, corcunda.. tem cara que mexe mesmo! Caminhoneiro, então.. parece regra.

Queria ser da época dos verbos flertar e arrastar asa. Como disse Chorik : "Para o macho alfa era mister saber fazer o approach, saber chegar numa menina. Caso contrário, necas de pitibiriba."

Na verdade mesmo, e infelizmente, é tudo culpa da própria mulher, que se faz de objeto pro homem, que se deixa inferiorizar, que posa nua por dinheiro. Eu sinto pena. Eu não sou assim e conheço gente que também não é. Porém por não ser a maioria, todo mundo é rotulada como vagabunda.
Se eu estou sendo extremista me diz por que o cara mexe com você na rua. Porque ele sabe que você vai fingir que não ouviu ou porque você pode ser uma das que estão doidas pra arranjar alguém?

Eu quero me dar por completo pra você.
É? Sinto muito, eu não aceito esmola

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

expectativa


Na verdade, foi difícil e fácil ao mesmo tempo.
Eu fiz uma escolha durante meus dezessete anos sem perceber. E ontem, preenchendo minha inscrição do vestibular me dei conta de que a minha escolha definitiva deveria ser tomada ali. Claro que eu fiquei com um medinho de não dar certo, mas eu sou tão apaixonada e quis tanto esse curso, que eu logo tive certeza de que aquilo era o que me faria feliz.
A Psicologia foi meu único amor à primeira vista. É verdade quando dizem que só existe um.
Tive vontade de saber do que se tratava antes de aprender sobre raiz quadrada. Acho que foi nesse momento que eu tive noção do que eu queria pra minha vida. Foi por não ser uma ciência exata e por tratar do conhecimento da alma, por não envolver muitos números. Porque eu sempre achei que o cérebro é o princípio de tudo. Porque eu sempre quis entender tudo o que estava por trás de certas ações e pensamentos.
Porque tudo tem um porque.
E, finalmente, porque eu acho que tudo tem uma razão de ser.
Posso ganhar um milhão de reais que eu jamais vou deixar isso de lado.

Ouvi dizer que quem estuda esse tipo de coisa certamente tem algum problema psicólogico fundamentado.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Tap on my window, knock on my door


I don't mind spending everyday out on your corner in the pouring rain.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A maior torcida do Brasil.


Não, eu não vou falar do Centenário. Bastante gente está falando disso hoje, então eu queria aproveitar pra falar de algo paralelo, que até me incomoda um pouco.
O Sport Club Corinthians Paulista, 1910, tem a Maior Torcida do Brasil.
Não é o que as pesquisas falam?
Pois bem, eu vou explicar o por quê de não dizerem isso.
Torcida é quem torce (ah vá), não quem diz "meu time é tal", e não acompanha. Existe muita gente no Centro-Oeste que diz torcer para o Flamengo. Na Bahia, no sertão do Pará. Gente que não tem opção, ouve falar e diz rubro negro.

Sem desmerecer mas já desmerecendo o povo do Norte-Nordeste brasileiro.. Os caras não acompanham o Flamengo e não gritam quando o time faz gol. Mal assistem. Daí, pra uma merda de pesquisa (merda porque não conheço ninguém que já foi ativo numa pesquisa dessa), fala que é flamenguista.
Por isso supõe-se que essa torcida seja a maior. E outra: eu não conheço nenhum Corinthiano que não tenha uma certa tendência ao fanatismo.
Vale lembrar que em 1976, a torcida do Corinthians dividiu o estádio do Maracanã na semi-final do Campeonato Brasileiro, evento conhecido como "Invasão Corinthiana". O dia que um time tiver uma torcida que consiga fazer isso eu posso dizer que é a maior. Flamenguistas não vêm pra São Paulo rachar um estádio com o Corinthians.
Dizem que é fora do país que o Flamengo tem força.Mas, SOMANDO-SE TODOS esss torcedores do Rio, da Paraíba, Acre, Madagascar e Botsuana, ainda é insuficiente pra desbancar a maior tocida de futebol que, sem dúvida nenhuma, pertence ao Timão.

duas opções


Guardei a carteira e desci as escadas imaginando que horas seriam, e a bronca que eu levaria por ter que pedir pra ela vim me buscar tão tarde da noite. Três e vinte. Era mais seguro esperar o primeiro ônibus do que fazer uma ligação numa hora dessas pra casa.
Procurei meu celular na bolsa e, antes da primeira discagem, uma mão pousou no meu ombro. No primeiro momento eu senti aquela mão arder em mim. Não era possível. Eu precisava evitar. Me virei e era mesmo quem eu imaginei que fosse. Respondi o sorriso. Senti um par de olhos que vinham lá no mezanino fuzilarem minhas costas.
Eu sei que ele tambem sentiu, mas de qualquer forma aquilo não foi o suficiente, pelo menos naquele momento, pra faze-lo desistir de algo que eu sabia que aconteceria. Mas eu queria evitar.
Pelas mãos, fui levada até o stand de fora. Me comportei como uma fugitiva da prisão, andando com o maior cuidado do mundo como se o barulho dos meus passos pudessem me entregar.
Mas não havia nada de errado ali. Eu estava completamente segura.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

meio


CRIAÇÃO: "Os físicos concordam que houve um início, então eles estão em acordo com a Bíblia nesse aspecto"

"DÚVIDA: "A pergunta que não quer calar é outra, muito mais profunda: existe algo eterno, que nunca foi criado?"

EVOLUÇÃO: "Ela não pode explicar a existência daquilo que é mutado, não pode explicar a origem da vida"

terça-feira, 24 de agosto de 2010

sempre alcança


Tem gente que está do mesmo lado que você mas deveria estar do lado de lá.
Tem gente que machuca os outros, tem gente que não sabe amar.
Tem gente enganando a gente, veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança..

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

recompensa


Eu já estava até me esquecendo de como sua companhia me fazia bem.

Pedi pra que segurasse a batedeira enquanto eu ligava o forno. Você riu a minha blusa velha e te dei soco, na defensiva. Mas você revidou com um beijo e por um momento eu esqueci do mundo.

Só por um momento, porque no outro a batedeira começou a fazer barulho e o creme espirrou por toda a cozinha. Na geladeira, nos azulejos e no meu olho. Me desesperei vendo toda a receita voar, até que você desligou a tomada. Passei a mão pelos cabelos e lá estava mais uma parte do que seria um bolo. Você sorriu e disse que faríamos outro mais tarde, que não tinha problema.
Tive uma ótima ideia ao lançar um olhar significativo pro inútil resto da receita batida. Mas você foi rápido que eu e, prevendo minha ação, reagiu colocando o pote pra atrás, me afastando dele. Mas eu ainda consegui colocar o dedo. Passei no seu rosto mas, antes de rir do resultado, o pote já estava na minha cabeça escorrendo pelo ombro. Tentei te sujar com um abraço mas você correu.
Te perdi de vista e de repente a casa silenciou. Andei a passos lentos até que você me surpreendeu e me pego no colo, correndo na direção da piscina. Fechei os olhos já esperando o final frio e pensei em fingir uma cena, me fazer de brava. Mas como sempre sua ação foi mais rápida que meu próprio pensamento. A água gelada fez minha roupa grudar na minha pele, e eu senti suas mãos ainda me segurando.. você não tinha me jogado, apenas pulado comigo. Desejei que aquele clima jamais tivesse um fim.

perfectly fine


Faltavam dez minutos e eu fui fechar as janelas como se isso pudesse, de certa forma, fazer o tempo correr. Fiquei a tarde toda contando as horas e imaginando como seria. Coloquei os sapatos na porta e fiz uma maquiagem simples. O meu vestido destacava minha cor e parecia ter sido feito pra mim.
Mal tive tempo de chegar ao espelho e dar uma última olhada no resultado, a campainha tocou. Busquei a bolsa e vesti os sapatos. Ao abrir a porta, segurando a respiração, senti seus olhos me percorrer e isso me fez corar. Sentindo meu embaraço, talvez, você tomou a chave de mim, apagou as luzes e trancou a porta. Sorriu, disse o que eu mais precisava ouvir, e me deixei conduzir até o carro. Eu já sabia, após você me olhar com aquela cumplicidade, que aquela noite seria especial. Eu estava perfeitamente bem.

domingo, 22 de agosto de 2010

3x0 fora o baile.


SPFC lançará a camisa 10-6-4: 10 jogos, 6 derrotas, 4 anos sem ganhar do Corinthians.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Brasil, mostra a tua cara.


Eu tinha, sim, coisas pra fazer. Hoje eu tenho prova de Matemática.
Mas eu não pude perder essa oportunidade. Depois do almoço, Propaganda Eleitoral Gratuita.
O primeiro foi o Serra, e eu gostei do que eu vi. Eu realmente aposto nele.
A Dilma é uma otária, e a propaganda dela só falava que ela lutou na época da Ditadura, que foi presa, e uma fala do Lula pra pirar o coração dos Nordestinos "Bastou uma reunião com ela pra eu confiar (..) E eu sei que o Brasil estará em boas mãos com Dilma Rousseff."
É claro que para a galera do Norte/Nordeste o Lula foi supimpa. Mas minha vida não mudou nada, e não é justo o PT comprar votos com cestas básicas. Fora que Dilma tem cara, voz, tudo de bruxa. Tiveram que recalcá-la pra ficar APRESENTÁVEL na campanha. Ela é um boneco do Governo do PT, uma criatura fraca que só está onde está por causa do forte populismo de Lula.
Depois a Marina, Plínio.. muita sacanagem eles terem pouco tempo só porque são partidos menores. Maldita democracia.

Depois disso, peguei papel e caneta e comecei a anotar tudo o que eu achei bizarro. Bizarro é apelido.Apareceu a ala dos Deputados. Seria a melhor parte se não me desse dó.
Ronaldo Esper, Marcelinho Carioca, Agnaldo Timóteo, KLB, Mara Maravilha, Maguila (por favor, um tradutor), Mulher Pera (!), Luciana Costa (usando hexafluoreto de enxofre).
O Tiririca, MEU DEUS, "Vote Tiririca, pior do que tá não fica!" ("Você não sabe o que um Deputado Federal faz? Eu também não! Vote em mim que eu te conto").
"7000 o fogo desce, 7000 ninguém esquece, 7000 é o Senhor!", "Sou careca, não sou louco", "1530 é a hora da mudança, na hora de votar olhe seu relógio e vote 1530!", "Pro Raul Gil Jr, eu tiro o chapéu!".
Os palhaços perderão o emprego em menos de três dias. Que graça terá um circo depois disso? Que pena.

sábado, 14 de agosto de 2010

o remédio certo.


João era dono de uma bem sucedida farmácia numa cidade do interior. Era um homem bastante inteligente, mas não acreditava na existência de Deus ou de qualquer outra coisa, além do seu mundo material.

Um certo dia, ele estava fechando a farmácia quando chegou uma criança aos prantos, dizendo que sua mãe estava passando mal e que se ela não tomasse o remédio logo iria morrer. Muito nervoso e, após insistência da criança, resolveu reabrir a farmácia pra pegar o remédio. Sua insensibilidade perante aquele momento era tal que acabou pegando o remédio mesmo no escuro e entregando à criança que agradeceu e saiu dali às pressas. Minutos depois, percebeu que havia entregue o remédio errado pra criança e que se sua mãe o tomasse, teria morte instantânea. Desesperado, tentou alcançar a criança, mas não teve êxito. Sem saber o que fazer e com a consciência pesada, ajoelhou-se e começou a chorar e dizer que se realmente existisse um Deus, que não o deixasse passar por assassino.

De repente, sentiu uma mão a tocar-lhe o ombro esquerdo e ao virar, deparou-se com a criança a dizer: “Senhor, por favor, não brigue comigo, mas é que caí e quebrei o vidro do remédio. Dá pro senhor me dar outro?”.


Deus está sempre nos ajudando, nós é que não percebemos isso.



incompatibilidade


César fora um dos primeiros a comprar uma televisão, logo que a novidade chegara à cidade. Contudo, em sua casa ninguém tinha permissão de ligá-la. Era ele quem determinava a hora e o que assistir.
No domingo, depois do café, ele ligava e reunia a família para assisti-la.

Claire, apesar de curiosa com a novidade, não gostava dos programas que o pai escolhia e preferia ir para o quarto ler. Ela tinha uma amiga que lhe emprestava alguns livros que ela lia às escondidas. Tinha certeza de que seus pais não aprovariam. Eram romances, e César só aprovava livros educativos, considerava os romances perniciosos e uma perda de tempo.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

peguei um trem e um metrô


Acordei cedo. Comecei mal. Logo de cara, entraram dois meninos com bolsa nas costas falando "Freegells! Freegells!" super rápido e indo de uma ponta à outra com uma caixinha na mão. Na primeira estação, eles saíram na correria e ainda pude ouvir essas palavras: "Caralho, um puta vagão cheio desses e eu não vendi merda nenhuma!". Repeti as palavras pra minha mãe e desatamos a rir da desgraça alheia. Ele queria todo mundo procurando um real pra chupar bala as nove da manhã? Hm.
A loira da cadeira da frente falava que o marido era um corno e a amiga ria como se aquilo fosse muito mais engraçado do que constrangedor. Depende do ângulo. Eu tive certeza que o vagão todo acompanhava a história e se perguntava o mesmo que eu "O que é que essa imbecil tem na cabeça pra chamar o próprio esposo de corno em voz alta?".
Apesar de ser melhor e muito mais rápido, no metrô eu passei tempo suficiente pra confirmar o quanto esse mundo é.. estranho. Todo mundo é.
Entrei no vagão e pá! Levei uma tossida no cabelo que minha franja até mudou de lado. Tossi alto(forçadamente) com a mão na frente pro otário ver como se faz. Minha mãe riu.
Tinha um casal encostado na porta que não parava de se agarrar, e uma guardinha de boina falava no celular tão alto que eu fiquei encarando com a maior cara de cú só pra ela se tocar. Não, ela não se tocou, que novidade!
Acho que pensavam de mim coisas do tipo "Que cabelo mais fuá!" ou "Nariz estranho, olhos grandes demais, tá se achando".
Pelo menos foi um dia só, e nunca mais verei essas pessoas novamente. Sem preconceito, é claro, trem e metrô é uma ótima opção, mas tem gente..

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

game over


Na verdade, é cedo pra dizer adeus. Eu sei.
Eu sei que foi algo não planejado, que não era pra ter acontecido, mas.. deu certo e não era pra ter dado. Achei que não conseguiria colocar um ponto final em algo tão bom: mas aqui estou. E não foi justo. Mas esqueci de perguntar se seriam justos antes de entrar nesse jogo. Eu nem sei se isso está causando em você o que está em mim, porém essa é a minha verdade, está difícil lidar. Horrível mesmo seria se desejássemos que isso jamais houvesse acontecido, só para não passarmos pelo fim. Foi bom, aconteceu. Horas, dias, meses. Não foi bom pra você?

Será que seria mesmo melhor para nós todos, jamais termos deixado esse pino avançar?
Eu nunca esquecerei de quando eu escorreguei na calçada e, antes que eu pudesse me assustar, seu braço segurou o meu e rimos da sintonia.
Engraçado, eu falo como se você estivesse implorando pra ficar comigo, quando na verdade, eu mal entendo o que você quer, se é que quer alguma coisa.
Infelizmente, só me resta sentir falta das conversas que a gente nunca teve, e das suas alegrias que jamais serão minhas.
Mas eu não me arrependo, nenhum segundo, de ter deixado você ganhar de mim só pra ter um sorriso seu unicamente pra mim.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

vacation


why do all good things come to an end?

sexta-feira, 30 de julho de 2010

eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.


Marina Colasanti

eu sei, mas não devia


A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.


Marina Colasanti

eu sei, mas não devia


A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.


Marina Colasanti

eu sei, mas não devia


A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.


Marina Colasanti