quinta-feira, 7 de outubro de 2010

segura e lúcida

Este era o lugar errado para ir. Eu devia saber disso, mas para onde mais iria? A floresta era de um verde intenso e parecia demais com a cena do sonho da noite passada para que eu tivesse paz de espírito. Agora que não havia mais o som de meus passos ensopados, o silêncio era penetrante. As aves também estavam quietas, a frequência das gotas aumentava, então devia estar chovendo no alto. Agora que eu estava sentada, as samambaias eram mais altas que minha cabeça, e eu sabia que alguém podia andar pela trilha, a um metro de distância, e não me ver.
Aqui, nas árvores, era muito mais fácil acreditar nos absurdos que me constrangiam entre quatro paredes. Nada mudara nesta floresta há milhares de anos e todos os mitos e lendas de cem terras diferentes pareciam muito mais prováveis nesta névoa verde do que eu meu quarto claro.

Mas era tolice mórbida acolher essas ideias ridículas, era melhor eu voltar pra casa do John. Comecei a me perguntar se de fato seria capaz de sair dali. Segui o labirinto verde gotejante apressada, o capuz puxando meu rosto à medida que quase corria pelas árvores. Mas antes que o pânico fosse demasiado, comecei a vislumbrar espaços abertos pela teia de galhos. Eu já sabia o que fazer.

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