quinta-feira, 14 de outubro de 2010

o despertar


Deitei na cama alguns minutos depois, resignada enquanto a dor finalmente resolvia aparecer.

Era paralisante, aquela sensação de que um buraco imenso tinha sido cavado em meu peito e que meus órgãos mais vitais tinham sido arrancados por ele, restando apenas sobras, cortes abertos que continuavam a latejar e a sangrar apesar de passar o tempo. Racionalmnte, eu sabia que meus pulmões ainda estavam intactos, e no entanto eu arfava e minha cabeça girava como se meus esforços não dessem em nada. Meu coração também devia estar batendo, mas eu não conseguia ouvir o som da minha pulsação nos ouvidos; minhas mãos pareciam azuis de frio. Eu me encolhi, abraçando as costelas pra não partir ao meio. Lutei para ter meu torpor, minha negação, mas isso me fugia.

E, no entanto, achei que podia sobreviver. Eu estava alerta, sentia dor, mas era administrável. Eu podia sobreviver a isso. Não pareca que a dor tivesse diminuído com o tempo; na verdade, eu é que ficara forte o bastante para suportá-la.

O que quer que tivesse acontecido naquela noite, tinha me despertado.

Pela primeira vez em muito tempo eu não sabia o que esperar da manhã.

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