segunda-feira, 14 de junho de 2010

vagarosamente, a sanidade voltou.

A imensa camisola girava em torno de mim, ampla e agradavelmente, enquanto eu descia as escadas com as luzes apagadas. O telefone estava no andar de baixo, no hall. A única luz era a do poste na frente da casa, brilhando através dos vidros opala da porta de entrada.

Comecei a discar o número do meu apartamento em Londres. O ruído da discagem ecoava no silêncio. Soava como disparos de fuzil na quietude da sala. "Meu Deus", pensei, abalada, "os McLoughlin três casas adiante vão aparecer para se queixar do barulho."

Houve alguns cliques, enquanto o telefone em Dublin fazia a conexão com outro, de um apartamento vazio, numa cidade a 800 quilômetros de distância.

Deixei que tocasse, talvez umas cem vezes. Poderiam ser mil vezes.

O telefone tocava sem parar, chamando inutilmente alguém num apartamento frio, escuro e vazio. Pude imaginar o telefone tocando sem parar e a cama macia, lisa, onde ninguem dormia, sombras da janela lançadas em cima dela, enquanto as luzes da rua jorravam para dentro através das cortinas abertas- abertas porque não havia ninguem lá para fecha-las.

Mesmo assim, deixei-o tocar sem parar. E, lentamente, a esperança me abandonou.
James não atendia.
Porque James não estava lá.
James estava em outro apartamento. Em outra cama.
Com outra mulher.

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