sábado, 12 de junho de 2010

Olá, Claire.


"Quando ouvia falar de pessoas que sofriam desastres cumulativos (por exemplo, um acidente de automóvel, perder o emprego e pegar o namorado na cama com a irmã, tudo numa única semana), pensava que a culpa era dessas pessoas. Bem, não exatamente culpa. Mas, se as pessoas se comportassem como vítimas, tornar-se-iam vítimas. Se esperasse que o pior acontecesse, então ele invariavelmente aconteceria.

Via, agora, como estava errada. Algumas vezes as pessoas não se apresentam voluntariamente para serem vítimas, mas se tornam vítimas, de qualquer jeito. Certamente não era minha culpa que meu marido achasse que se apaixonara por outra pessoa. Não esperava que acontecesse e certamente não queria que contecesse. Mas aconteceu.

Soube, então, que a vida não respeita circunstâncias. A força que atira em nós os desastres não diz "Bem, não darei a ela aquele caroço no seio antes de pelo menos um ano. É melhor deixar que se recupere primeiro da morte da mãe". A vida simplesmente vai em frente e faz o que tem vontade, sempre que tem vontade.

Percebi que ninguém está imune a síndrome do desastre cumulativo. Não que eu pensasse que ter um bebê fosse um desastre. Mas certamente ele não deveria ter vindo em circunstâncias tão tumultuadas.

Eu acreditava controlar inteiramente a minha vida e, Deus me perdoe, se alguma coisa chegasse a dar errado comigo mesma e com James, eu seria capaz de dedicar todo o meu tempo e minha energia para resolver a situação. Não esperava exatamente ser abandonada menos de 24 horas depois de dar à luz meu primeiro filho, quando meus níveis de energia estavam mais baixos do que nunca e os de vulnerabilidade, mais altos do que nunca.



Sem falar em como eu estava obviamente gorda naquele momento."

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